domingo, 30 de outubro de 2011
Estudo diz que ´calmaria´ solar pode esfriar o CE
Três pesquisas apontam que o próximo ciclo do Sol poderá ser bastante reduzido ou nem mesmo acontecer
Com incidência média de 13 pontos de índice de raios ultravioleta (UV) no Ceará, população tenta fugir do calor, se proteger na sombra, hidratar a pele e consumir bastante água FOTO: RODRIGO CARVALHO
Será que o Ceará, com todo esse seu "calorão" de 30 graus, poderia ter uma trégua e esfriar um pouco? Para cientistas do Observatório Solar Nacional (NSO, na sigla em inglês) o Sol deve experimentar um prolongado período de calmaria, sem tantas explosões, conforme três estudos divulgados no mês passado.
Astrônomos têm notado especialmente uma diminuição das manchas solares - indicadores de atividade magnética - e uma lentidão de ação mais perto dos polos. Sinais esses de que o astro rei poderia entrar em um momento de "hibernação".
O que essa sonolência significaria? As consequências do tal fato ainda estão em fase de estudos. Entretanto, o pesquisador da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), Raul Fritz Teixeira, já se antecipa e comenta que o fenômeno poderia proporcionar uma diminuição da temperatura média da Terra - inclusive do Ceará - contrabalançando com o aquecimento que se tem verificado nas últimas décadas. Cearenses sofreriam menos com mormaço?
"Assim, podemos estar saindo do máximo moderno de atividade solar e entrando em um possível extenso mínimo que dure alguns anos. Dessa forma, também a questão da incidência dos raios ultravioleta (UV) tenderia a baixar mais no Nordeste, caso esse grande período de mínimo de atividade solar venha a acontecer", explica Fritz.
Se os estudos estiverem realmente corretos, a saúde da população e a pele, em especial, agradeceriam a boa-nova. As medições dos índices de raios UV, no Ceará, estão no limite. Previsões recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontaram uma média entre os dias 28 de outubro e 2 de novembro, de índice 12, número este considerado extremo em escala máxima de 14.
Frio
O Doutor em Física com Pós-Doutorado em Física das Nuvens, José Carlos Parente, detalha bem o fenômeno. Para ele, quando há poucas manchas solares - como é o caso previsto para o próximo ciclo solar - os campos magnéticos não são tão intensos, e os raios cósmicos "invadem" a atmosfera terrestre originando muito íons, que se juntarão e darão origem a nuvens baixas adicionais. "Nessa situação, as nuvens baixas adicionais formadas impedirão que mais radiação solar atinja a superfície da Terra, esfriando-a", diz.
Esta afirmativa estaria embasada em resultados de um estudo importante publicado no dia 25 agosto na revista ´Nature´ com o título "Papel do ácido sulfúrico, amônia e os raios cósmicos galácticos na nucleação de aerossóis atmosféricos" e sugere, conforme José Parente, que a teoria é, sim, correta.
Entre conspirações de resfriamento ou aquecimento da terra, o Sol tem se mostrado bem instável, de "personalidade" inquieta, afirma o pesquisador da Funceme, Raul Fritz. Tem anos de calmaria - sem explosão solares e de poucas manchas - e outros mais ativos. Daí, o mundo às vezes dar umas virada de 180º.
Em um histórico dessas "danações" solares, existiram várias movimentações pelos séculos, em altos e baixos tal o traçado de uma gangorra. Entre os anos de 1645 e 1715 foi registrado um extenso período de calmaria solar que durou 70 anos, provocando "miniera do gelo".
Já em 1859 e nos anos seguintes de 1972 e 1989, a estrela voltou a se agitar com relatos de grandes tempestades solares que atingiram, em especial, as redes de comunicações de vários países e de satélites em órbita. "Entre os anos de 2008 e 2010, por exemplo, o Sol volta a se acalmar, em um solar mínimo típico, passando cerca de 300 dias sem machas solares", afirma o pesquisador Fritz.
Entretanto, em 2011, a Nasa anunciou outros eventos de explosão solar, como um "rock´n´ roll" dos céus. Os maiores eventos foram registrados no dia 15 de fevereiro e 27 de setembro.
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